5 de maio de 2014

O mercado de trabalho e o descarte do trabalhador

O mercado de trabalho e o descarte do trabalhador
No mercado de trabalho, nós não somos vistos como um todo, como pessoas humanas, mas como peças descartáveis

O mercado não tem dó nem piedade. Não tem compaixão. O mercado é filho do capitalismo, pai do capitalismo ou talvez nasceram juntos. O capitalismo nasceu com a troca de mercadorias, com o desenvolvimento do comércio e o florescimento do mercado. Vamos fazer uma distinção de mercado que queremos tratar aqui. Há o mercado onde há a troca de mercadorias e há o mercado que é sinônimo de sistema, pensamento, modo de agir. Dentro do mercado existem as relações econômicas e trocas comerciais, mas vamos falar do mercado como um modo de ser, um modo de agir, como um pensamento. Vamos falar do mercado (de trabalho) como um sistema que age sobre nossas vidas.

Você pode estar tendo êxito na vida e estar sustentando a sua família por meio do mercado de trabalho. Mas isso não tira a sua característica cruel, desalmada, desumana. Ele (o mercado) não olha para nós como pessoas capazes, mesmo diante dos erros. Não vê o que acontece com os técnicos de futebol. Eles podem ter ganhado a maioria das partidas, mas se perderem a principal, são demitidos do cargo. Na empresa você pode ter feito bem grande parte das tarefas, mas se errar algumas (e em grande parte só precisa errar uma vez!) as que você teve êxito são anuladas. Não te enxergam como alguém dotado de capacidades e potencialidades, como pessoa humana, mas como uma máquina que deve produzir em série e sem erro. Bil Gates aconselhou para que não errássemos de primeira no mercado, senão isso seria fatal.

Velocidade, eficiência, produtividade, resultados, ausência de erros são os critérios exigidos pelo mercado. É certo e justo que devemos produzir e procurar ser o melhor profissional dentro da empresa que estamos trabalhando. Mas o que questiono é que somos vistos apenas sobre o prisma da produtividade e não somos analisados como um todo. Se durante o período de experiência numa empresa você não atingiu as metas você é considerado desqualificado e tem o contrato reincidido.

Subjetividade

Não basta estudar, fazer uma pós-graduação, mestrado, doutorado, investir em cursos, ser um bom profissional etc., há fatores subjetivos que nos qualificam como bons ou ruins. Você pode ser bom e competente, mas se alguém não for com a sua cara (como se diz), você pode ser demitido. E o contrário também acontece. Pessoas com menos capacidades que você, ficam na empresa e perduram. Tudo porque foram com a cara dele(a). Não basta ser competente (isso é obrigação), infelizmente, é preciso também, estar na hora certa e com a pessoa certa. Muitas pessoas com talentos inferiores aos seus estão ocupando cargos importantes que você se pergunta: como???!!!

Você se esforçou, fez o máximo, atingiu as metas, mas por um só erro falaram: “não vamos mais continuar com você”. Dá para entender isso? Quais critérios norteiam esses julgamentos? A subjetividade.

Quero dizer que não estou ressentido com o mercado; de certa forma somos feridos, machucados por ele sim, que exige um tempo de recuperação até que possamos criar musculatura para enfrentar as adversidades. E não tenho uma visão negativa do mercado. O mercado é de onde tiramos o sustento, onde nos realizamos profissionalmente. Estou destacando um aspecto nefasto do mercado de trabalho, o seu lado obscuro.

Infelizmente, nessa lógica do mercado pessoas que possuem apadrinhamento dentro da empresa, que são queridas dos chefes ou amigo(a) do dono, mesmo não tendo talento, permanecem. São os ditos amigos do Reis. Esses ficam na sombra, na bajulação, se sujeitam a tudo, fazem cara de anjo a todo tempo para ficar no time. Enquanto que você que estudou muitos anos, se preparou, é um baita profissional, é descartado.

O mercado tem uma lógica desleal, desumana e subjetiva. Saiba que você para ele é apenas uma engrenagem e que, segundo critérios subjetivos, se não estiver funcionando bem, ele te substituirá por outra engrenagem. Mandam-te embora sem dó e nem piedade. Você não é alguém, pessoa humana, mas um número; é tido como uma ferramenta substituível.

O mercado vive pedindo pessoas com experiências, mas como elas vão adquirir se não lhes dão a primeira chance. Os estágios contribuem nesse sentido. Mas, e para aqueles que não fizeram estágio e que estão querendo se inserir no mercado de trabalho, como fica a situação?

Especialistas dizem que quem está empregado deve viver pensando que no dia seguinte poderá ser demitido. Viver nessa incerteza, não sabendo se no dia seguinte vamos estar ou não empregados gera instabilidades, tanto emocionais, psíquicas e até físicas. Nunca se poderá financiar um bem, uma casa, por exemplo, se não se sabe se vai estar trabalhando ou não.

Sei que isso não é nenhuma novidade para você. Sabemos que o mercado é assim, instável, duro, cruel, ameaçador. Ele é desumano, não garante estabilidade, é covarde e se baseia em critérios subjetivos para nos analisar.

Trabalhamos com a corda no pescoço. Para mantermos nossos empregos nos sujeitamos às regras estabelecidas e dançamos conforme a música. Evidentemente que nenhum cristão deve fazer algo que se oponha ao Evangelho. Nossos atos não podem ser contrários as Escrituras e ao que Deus nos pede.

Você já foi vítima de uma demissão que aconteceu do nada, de uma hora para outra? Já foi mandado embora de vários empregos numa sequencia, saindo e entrando de empresas num curto período de tempo, e sem motivos para isso? Então você já sentiu na pele o que estou escrevendo aqui.

A selvageria e desumanização desse mercado precisam mudar. As pessoas devem ser vistas num todo. Talvez num primeiro momento você não esteja desempenhando tão bem determinada atividade na empresa, mas se olharem para você num todo, irão enxergar que há em você muitas qualidades, que você é um grande profissional e que bastaria que investissem em você para que você pudesse deslanchar. Seria bom que dissessem “esse(a) aí tem valor, vamos investir nele(a), porque temos certeza que será um(a) grande profissional”. Não era apenas isso que você queria ter ouvido? Você queria apenas que olhassem para você e enxergassem suas qualidades e que fossem capazes de perceber que você poderia se tornar um(a) grande profissional dentro da empresa se lhe dessem uma chance.

O mercado tem tudo isso. Essa é a sua lógica. Estabilidade mesmo, apenas por meio de concursos públicos. Se não é um funcionário concursado, está-se, infelizmente, sujeito a amargar toda essa fúria e desumanização.

Jogo político

Para sobreviver num trabalho o que deve ser feito em primeiro lugar é conhecer o jogo político ali instaurado, isto é, conhecer a regra do jogo, a música que ali se toca (como se diz). Para o mercado não adianta você fazer aquilo que é o melhor para as pessoas; o que conta é você fazer aquilo que os seus superiores consideram que seja o melhor (fato!). Em toda empresa, existem regras de conduta que precisam ser obedecidas para que permaneçamos nela. Não falo de regas deontológicas ou regras morais e éticas da profissão, mas daquelas regras que não estão escritas, regras até obscuras, que se você não tomar cuidado com elas poderá ir para o olho da rua.

São para pessoas que foram vítimas de injustiças do mercado de trabalho, que se sentiram lesadas, feridas, desconsideras por esse mercado cruel que escrevo este artigo.

Você vale muito mais do que um olhar subjetivo sobre você.

Se você saiu da sua empresa, se você foi mandado embora por algum motivo, não pense que você não é capaz, mas saiba que aquela empresa não soube enxergar as suas capacidades. Eu não estou falando de pessoas que realmente não tinham o perfil para o cargo ou aquelas que não eram tão boas e por isso foram demitidas. Estou escrevendo para aqueles que foram injustiçados mesmo tendo muitas potencialidades para serem aproveitas.

Quando sofremos uma dessas injustiças, quando somos demitidos ficamos muito abatidos. Perdemos o chão. É como um luto. Especialistas no setor de mercado dizem que uma demissão é comparada a perda de um ente querido. Não vou entrar nas consequências que a demissão pode provocar em nós (como depressão, tristeza, sentimento de impotência, de não se sentir mais útil etc.), mas vamos resumir numa só frase: ela machuca, fere.

Apegar-se em Deus e fazer a nossa parte

Quando você foi demitido Deus estava te vendo. Ele conhece toda a dor que você está passando ou passou.

Não podemos em hipótese alguma ficar parados. Primeiramente, com fé em Deus, devemos trabalhar para conseguir outro emprego, na confiança de que Deus não nos desampara e que mesmo diante das injustiças que fomos vítimas, Ele nos guarda. Devemos ter a confiança que Deus cuida de nós e que Ele está trabalhando para nos ver bem e tendo sucesso profissional, e em todas as áreas das nossas vidas.

Não vou estender nesse assunto e nem fazer a vez de um analista de mercado, vou dar aqui apenas algumas dicas para que você encontre um novo emprego.

Networking

Procure a sua rede de contatos, de amigos, o que chamamos de networking e diga que você está desempregado e pergunte se eles sabem de alguma coisa. Isso deve ser feito. Eu o fiz, embora eu nunca tenha conseguido um emprego por meio de indicação de um amigo ou conhecido. As oportunidades que se abriram na minha vida foram porque eu mesmo fui atrás. Esse foi o meu caso, no entanto, com você pode ser diferente.

Disparar seu currículo

O que funcionou para mim mesmo foi ter enviado meu currículo para o máximo de empresas. O e-mail foi meu grande aliado e pode ser o seu também.

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Consulte as vagas disponíveis nos cadernos de empregos dos jornais, circule-as, sendo da sua área ou não; nos sites de emprego, nas em fanpages do Facebook que anunciam vagas etc. Quando eu estava desempregado eu enviei meu currículo para áreas fora da minha formação acadêmica, isso para não ficar parado e porque as dívidas não iriam esperar. O curioso é que até hoje, todo emprego que consegui foi através de e-mail que enviei, sabendo da uma vaga em algum lugar ou consultando os cadernos de emprego em jornais, e disparava e-mails!

Reze sempre

Orei muito também. Eu orava a Deus dizendo que o meu desemprego estava me machucando por dentro. Apresentava a Deus as dívidas que tinha, as parcelas que iriam vencer e que eu não tinha dinheiro para pagá-las. Sempre busquei a Deus. Buscava a Deus como alguém busca um grande amigo. Deus é o nosso grande amigo! O tempo que passei desempregado, me doeu muito, em todos os níveis, psicológico, emocional e físico. Mas Deus foi vitorioso na minha vida e consegui. Agora, estou buscando uma melhor colocação. Mas diante da situação que eu estava, Deus lançou uma bóia para que eu me agarrasse.

Dentro do tempo de Deus as coisas em nossas vidas vão se ajeitando. Se eu consegui você também vai conseguir, tenha certeza disso. Faça a sua parte e Deus fará a dEle!

Não desanime, não fique prostrado, olhe para suas capacidades e qualidades. Você tem valor. Aquela situação que te deixou fora do mercado não determina o profissional que você é. Foi apenas uma circunstância em que você não era um dos queridinhos ou você poderia ameaçar a vaga do seu superior ou de um colega de trabalho.

Continue enviando seu CV, curriculum vitae, seu portfólio. Uma porta vai se abrir, em nome de Jesus, ela vai! Mas ponha Deus em primeiro lugar e peça a Ele que te dê o emprego necessário, digno. Não há dúvida que Deus quer te ver feliz e realizado no campo profissional. Ore, entregue a Deus o local que você gostaria de trabalhar. Deve ser uma oração aberta, sincera, dizendo até o quanto você gostaria de ganhar e onde gostaria de trabalhar. Deus está atendo a isso tudo. Ore, faça a sua parte,  e confie!

Boa sorte!

Por Thiago Zanetti
Colunista do Blog Evangelizando. (+ artigos)

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