25 de fevereiro de 2013

A Providência Divina realizou o primeiro e acertado passo para uma nova PUC-São Paulo.

Blog Evangelizando!


Por Everton Santos, de São Paulo – No último dia 22, sexta-feira, Dom Odilo Pedro Scherer celebrou a Festa da Cátedra de São Pedro na capela da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Como arcebispo e Grão-Chanceler da Universidade, D. Odilo propôs que a missa também tivesse uma intenção de ação de graças pelo pontificado de Bento XVI e fosse seguida por um ato de dignificação da Cruz no pátio do campus.
Seria algo corriqueiro: um Cardeal celebrando na PUC de sua Arquidiocese. Contudo, o clima na PUC-São Paulo é tenso e marcado por conflitos. A Universidade tornou-se reduto de mentalidades relativistas e pensamentos anticlericais.
O conflito mais recente foi motivado pela escolha da nova reitoria. A eleição de um Reitor, pelos Estatutos, é realizada pelo Arcebispo de São Paulo, a partir de uma lista tríplice com os nomes mais votados pela comunidade universitária. Dom Odilo escolheu a terceira mais votada, Anna Cintra, quebrando o costume de escolher o mais votado e utilizando o poder legítimo de Grão-Chanceler.
O fato causou furor por partes dos alunos. Sob a desculpa de lutar por democracia e transparência na gestão da PUC, um grupo de alunos e professores promoveram uma série de protestos, muitos deles alçando o vandalismo. A mais grave, desrespeitosa e ofensiva manifestação foi a decapitação de um boneco representando o Papa (o vídeo circula pelo YouTube).
E foi nesse clima que Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer foi à PUC na sexta-feira. Um ato de desagravo e um momento de ação de graças pelo Sucessor de Pedro. Porém, o chamado “movimento PUC-SP” organizou pelas redes sociais um evento diante da PUC, em horário coincidente ao da missa. O protesto prometia ser pacífico, mas visava expor o Cardeal, aproveitando-se da proximidade do conclave.
Estava preocupado com a integridade física do Cardeal. Preocupação que aumentou quando cheguei ao campus e reparei os poucos seguranças presentes. A capela foi enchendo aos poucos. Em certo momento, deixei minha bolsa, guardando meu lugar em um dos bancos, e fui até a porta da capela. Ali, tive contato com os manifestantes. Não eram muitos. Portavam cartazes e tinham esparadrapos na boca. Aguardavam a entrada do Cardeal. Sabiamente, D. Odilo não entrou por ali.
Minutos antes da celebração uma furiosa chuva castigou os manifestantes. “É São Pedro defendendo a Cátedra”, brinquei, dirigindo-me a um grupo de jovens católicos que estavam ali pra apoiar o Cardeal.
A Missa começou, a procissão entrou pela lateral do presbitério, diretamente da sacristia. O semblante de Dom Odilo estava tenso. Nervoso, cometeu alguns deslizes e teve alguns “brancos”.
Na homilia, numa excelente linha de leitura englobando a Festa da Cátedra e do momento vivido pela Igreja, o Cardeal Scherer apontou para a ligação estreita entre uma Pontifícia Universidade e o Sucessor de Pedro. “Ele, o Sumo Pontífice, é o catedrático na Igreja. [...] Numa Universidade Católica, estamos ligado à Cátedra de São Pedro”. Ressaltou a importância do anúncio do Evangelho ao mundo, condenando visões que começam desprezando Deus e culminam no desprezo pela pessoa humana, sua integralidade e liberdade.
Em tom de ação de graças, Dom Odilo Scherer, criado cardeal por Bento XVI, lembrou a visita de Sua Santidade ao Brasil, citou sua elevada produção teológica e seu testemunho espiritual. Encerrou, de forma emocionada, dizendo ser bom partilhar a fé com grandes cientistas, matemáticos, intelectuais, teólogos e estimulando a comunidade universitária a buscar sempre o bem comum.
Caminhávamos para o término da Missa e para a realização do ato de dignificação da Cruz, o momento mais tenso da noite. Antes da benção final, D. Odilo pediu pra mantermos a calma. E assim, os fiéis se dirigiram para a rampa de acesso ao Pátio. Durante o caminho, o povo cantava “Vitória, Tu reinarás… Ó Cruz, Tu nos salvarás”. Por vezes, o canto foi interrompido pelos gritos de “Viva o Papa”.
Quando chegamos ao Pátio, encontramos os tais manifestantes ao redor da Cruz, com cartazes e esparadrapos. E foi ali, ao redor daquela cruz de pedra, do antigo “Carmelo das Perdizes”, que a Providência Divina realizou o primeiro e acertado passo para uma nova PUC-São Paulo.
Algumas moças tiraram o esparadrapo na boca para gritar palavras de ordem: “Fora Anna Cintra” e “por uma PUC laica” (!!!). E foi ali que um Cardeal da Santa Romana Igreja, vestindo o vermelho dos mártires, mostrou a firmeza de uma Fé edificada em Cristo Jesus. Vulnerável diante de uma multidão, Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer lembrou a condenação de Jesus, um inocente condenado pela maioria, condenado por seu próprio povo; clamou pela liberdade religiosa e convidou-nos a renovar a fé, recitando o Credo Niceno-Constantinopolitano.
Um ato heroico! Um ato de Fé! Um grande número de jovens, velhos e senhoras cantando, rezando, testemunhando a Fé Apostólica.
Rezemos pela PUC-São Paulo. Rezemos por todas as Pontifícias Universidades, para que irradiem o esplendor da Verdade, Cristo Jesus. O gesto de sexta-feira foi um marco, um marco para a Arquidiocese de São Paulo, que renovou a confiança em seu Cardeal, um marco para a Igreja no Brasil, que presenciou a firmeza de um prelado sem medo de enfrentar as consequências do relativismo, sem medo de enfrentar os erros do passado e com a audácia de proclamar a Fé Católica – e não ideologias.
Fonte: Ecclesia Una 

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