17 de março de 2015

Portal G1 Em “A Trapaça Do Gênero”

Trapaceiros. A certeza do ardil é proporcional ao fingimento de inocência que dissimulam os “ideólogos de gênero”. Enquanto se fazem de ilibados, sabem exatamente o que estão fazendo. Sua linguagem os trai. Em artigo publicado pelo Portal G1, “‘Moça, você é machista': trans criam maior página feminista do país“, chama a atenção o requinte do vocabulário utilizado pelos blogueiros reportados na notícia.
“O feminismo me fez perceber o quanto a sociedade ainda é desigual em relação os gêneros. Coloco aos gêneros porque não é só uma relação de opressão de homem para mulher, mas pessoas trans também sofrem opressão da sociedade CISNORMATIVA”.
Como expliquei em outras ocasiões, os tais “pensadores” dividiram a raça humana em duas categorias: “transgênero”, para quem migrou (trans) do gênero socialmente atribuído ao sexo biológico com o qual nasceu para um novo gênero, auto-atribuído e inventado pelo próprio sujeito; e “cisgênero”, para quem permaneceu (cis) naquele.
“Cisnormatividade”, portanto, seria esta mania que todas as civilizações humanas estranhamente tiveram ao longo da história de imaginarem que o fato de alguém nascer homem ou mulher o faz ser realmente assim. Com um golpe lingüístico, relegam toda a história da humanidade à periferia da “igualdade de gênero”, esta sim, apta para nos libertar do estigma do… BINARISMO, palavra enxertada do desconstrutivismo de Jacques Derrida.
Para a “ideologia de gênero”, a
indefinição da identidade é a base
para que a pessoa se autodefina
Segundo ele, “a lógica ocidental (sic!) opera por meio de binarismos: feio/belo, puro/impuro, espírito/corpo etc.”*
Como assim, “lógica ocidental”?… Será que Derridas desconhecia a importância que a oposição puro/impuro tem para todas as religiões orientais, inclusive para o judaísmo?
Obviamente, ele rotula de binarismo a distinção dual, irrefutável em nossa própria experiência (ou alguém negará a própria percepção de claro/escuro, noite/dia, vida/morte, bem/mal, saúde/doença, macho/fêmea?…), tão óbvia que o próprio Pitágoras atribuía à dualidade a essencialidade do conhecimento, visto que o uno causa o dual e, destes dois princípios, origina-se tudo o mais.
Em outras palavras, Derridas relega todo o conhecimento humano a uma adulteração forçada, e o faz enquanto ele mesmo apresenta outro “binarismo” alternativo, mas ainda mais radical: a dialética introduzida entremeadamente nos discursos, antagonizando as palavras a fim de que produzam sínteses verbais alternativas, correspondentes aos resultados dissolutivos que ele mesmo quer produzir.
Como queria Louis Althusser, mais do que “contradição”, importa criar “sobredeterminação”: produzir contradições sobrederminadas, que conduzam exatamente para onde quer aquele mesmo que as produziu.
Neste sentido, a trapaça continua a mesma. Apenas se vai refinando e se tornando mais e mais imperceptível. Seguindo do modo mais ortodoxamente possível a lógica de Judith Butler, o blogueiro do G1 resume a questão nestes termos:
“a questão primordial do feminismo para mim foi a ideia de que sexo biológico e gênero não são as mesmas coisas, eu não preciso ter um pênis para ser homem e uma mulher não precisa ter uma vagina para ser mulher, essa quebra com o determinismo biológico explica muita coisa não só para transgêneros como também para pessoas CIS, de que não existe um determinismo e um papel já pré-estabelecido por ser mulher ou homem. Essas coisas são apenas construções sociais, históricas e culturais”.
Pois é! A teoria inteirinha, cuspida e escarrada, e em pleno G1. Mais, abaixo, chega a admitir, meio disfarçadamente, como o “feminismo feminista”, que pensa defender a mulher, sente que está sendo usado e protesta:
“eu encaro como sendo um atraso para o feminismo, usar argumentos transfóbicos contra mulheres transexuais é inaceitável. Eu vejo que elas voltam para um argumento machista e não percebem, por exemplo, se elas determinam o gênero por conta da genital de uma pessoa. Elas aceitam que também são determinadas pela genital delas e isso na minha opinião é atraso”.
Notem a perfeita coerência dessa fala com este texto de Judith Butler:
“A identidade do sujeito feminista não pode ser o sujeito da política feminista, se a formação deste sujeito ocorre dentro de um campo de poder que o aprisiona através da afirmação desta formação. Paradoxalmente, a representação no feminismo somente poderá fazer sentido se o sujeito ‘mulher’ não for assumido de nenhum modo”**.
Enfim, o vocabulário dos ideólogos de gênero começa a desfilar no cardápio da grande mídia. E ainda há quem acredite que tudo isso se trata de um simples discurso de anti-discriminação, e, mesmo diante de textos clamorosos e auto-explicativos como este, antecipadamente documentados e justificados por nós, nos acusa obstinada e imbecilmente de “fanáticos da ideologia do gênero”. Vai entender!!!
______________
(*) SOARES, Wellington, Precisamos falar sobre Romeo. Uma reflexão sobre sexualidade e gênero, em «Nova Escola», no. 279, Ano 30 (Fevereiro/2015), p. 29.
(**) BUTLER, Judith, Gender Trouble. Feminism and the subversion of identity, Routledge, New York, 2007, p. 8.

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