20 de agosto de 2014

HABEMUS PAPAM

Foi no dia 13 de março de 2013 que o mundo recebeu a notícia: Temos um Papa. Diante da expectativa todos nós cristãos católicos, e também não católicos aguardávamos a Boa Notícia. Em nosso coração a certeza de que o Arcanjo Gabriel nos seria portador de uma Boa Notícia. E ela chegou: Francisco.

Aparentemente tímido e assustado ele surgiu. O mundo estava com olhos fitos nele. Suas primeiras palavras foram tão doces e ternas que poderíamos dizer que o víamos como um velho amigo. De fala fácil e sorriso sincero, pouco ou nada sabíamos de Francisco. Aos poucos fomos sendo informados sobre quem era o Cardeal Jorge Mario Bergoglio,SJ. Nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de 1936.  Tornou-se arcebispo metropolitano de Buenos Aires no dia 28 de fevereiro de 1998. Jesuíta. Outras fontes sobre sua vida encontramos com abundancia na internet e em diversos livros já publicados e outros que ainda serão. Não nos prenderemos a estes detalhes, que não deixam de ser importantes, mas que aqui não serão tratados.

Em sua primeira aparição e fala encontramos um caminho espiritual que vamos agora conhecendo e nos apropriando. Seu primeiro discurso como Papa para a multidão que o aclamava na Praça São Pedro foi repleto de espiritualidade. Talvez em meio ao momento e emoção que todos vivenciávamos não conseguimos abarcar toda a profundidade de suas palavras iniciais. Leiamos novamente o que Francisco nos disse:

“Irmãos e irmãs, boa-noite!

Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de mais nada, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde.

[Recitação do Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai]
E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o meu Cardeal Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão bela!

E agora quero dar a Bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim.
[…]

Agora dar-vos-ei a Bênção, a vós e a todo o mundo, a todos os homens e mulheres de boa vontade.

[Bênção]

Irmãos e irmãs, tenho de vos deixar. Muito obrigado pelo acolhimento! Rezai por mim e até breve! Ver-nos-emos em breve: amanhã quero ir rezar aos pés de Nossa Senhora, para que guarde Roma inteira. Boa noite e bom descanso!”[1]

Francisco coloca-se disponível diante da Missão assumida: “Eis me aqui!”. Nos ensina nestas breves palavras o sim que somos sempre chamados a dar diante daquilo que o Senhor nos pede. Mesmo que o desafio seja grande e os obstáculos pareçam árduos tenhamos sempre a coragem de dizer: “Eis-me aqui!”. Busquemos esta disponibilidade interior e nos confiemos a graça de Deus.

Em seguida Francisco agradece ao acolhimento. O dom da gratidão é a mais bela maneira de orarmos. Reconhecermos a profundidade deste dom, nos retira do abismo do pessimismo e do medo. Ser grato, agradecer sempre.

Interessante notarmos o número de vezes que Francisco refere-se a oração neste seu primeiro discurso. Encontramos a palavra oração, rezemos e rezei inúmeras vezes. Inicia seu pontificado nos lembrando da importância da oração na nova missão que está iniciando. E nós quando nos lembramos da importância da oração em nossa vida. Francisco pede que rezemos por ele. Mas também reza pelo Papa Emérito Bento XVI. A oração é um dom que nasce do dar e do receber. É uma ponte que liga-nos com Deus, mas também com nossos irmãos e irmãs.

Papa Francisco deixa claro o caminho que agora ele inicia: “E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo...” O Sumo Pontífice agora eleito não quer caminhar sozinho, mas caminhar conosco Povo de Deus. Quando caminhos sozinhos corremos um sério risco: de nos isolarmos, de sermos solitários, e assim vivermos num fechamento egoísta, onde nos bastamos a nós mesmos. O caminho que Francisco propõe é o caminho do diálogo, do encontro, do caminhar juntos de mãos dadas, como amigos, companheiros de jornada. Não estamos sós, mas caminhamos com um pai espiritual, que nos orienta, e nos indica o caminho seguro para chegarmos a Cristo.

O caminho que Francisco nos apresenta é belo: “Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós”. Mesmo em meio as inúmeras dificuldades o convite é para que olhemos para novos horizontes onde a fraternidade, o amor e a confiança guiem nossos passos, relações e encontros.

A Igreja de Roma é chamada a presidir todas as Igrejas na caridade, no amor, na doação. O caminho proposto por Francisco é o da caridade. Na caridade manifestamos concretamente o amor. E assim seremos um povo do amor que caminha ao lado do seu pastor.

Rezar sempre. Rezarmos uns pelos outros, fazendo da oração uma rede universal de amor: “Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade”. A força da oração pode modificar o coração que está nas trevas. E quando rezamos uns pelos outros nos colocamos em diálogo espiritual. Já não somos sozinhos, mas pertencemos a uma grande comunidade universal que alimenta sua vida espiritual também da oração. E nesta rede de oração mundial estabelecemos os laços da fraternidade, da amizade e do amor que não conhece fronteiras.

Antes de finalizar o seu primeiro encontro, agora como Papa, com todos os que o aguardavam é nos concedida uma benção. Porém esta benção tem caráter universal, não se destina apenas a nós cristãos católicos, mas a todos, aos homens e mulheres de boa vontade. Francisco demonstra claramente que a Igreja é a casa de todos. Aqui todos encontram amor e acolhida e por isso mesmo a sua benção se dirige a toda a humanidade.

[1] http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/elezione/index.html

Padre Flávio Sobreiro
Colunista do Blog Evangelizando. (+ artigos)
Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). Vigário na Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí - MG). Estudou filosofia na PUC Campinas e teologia na Faculdade Católica de Pouso Alegre. Site: http://www.padreflaviosobreiro.com

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