18 de abril de 2014

Nada é possível contra o amor

Nada é possível contra o amor




























O Papa Francisco deu início no último domingo, com a procissão de ramos, aos ritos da Semana Santa ao longo da qual, com diversos atos litúrgicos, celebramos a Paixão, Morte e na Vigília de Páscoa, a Ressurreição de Jesus. E no início desta Semana que nós chamamos de Santa, centro da fé cristã, o Papa Francisco, improvisando a sua homilia, fez uma profunda reflexão recordando os personagens descritos na leitura do Evangelho daquele dia, e pedindo um exame de consciência a todos os fiéis, e com qual personagem eles se identificavam.

A recordação da alegria, que envolveu jovens e crianças, com a entrada de Jesus em Jerusalém no Domingo de Ramos, deu lugar ao longo da semana, à meditação da herança que Jesus nos deixou; antes de tudo o amor pelo próximo, o serviço, e a instituição da Eucaristia; mas também deu lugar à reflexão sobre a tristeza e a amargura da traição.

O Papa Francisco fez uma pergunta que tocou o coração dos milhares de fiéis presentes na Praça São Pedro: Quem sou eu diante do meu Senhor? Quem sou eu? E as perguntas continuaram tocando fundo os sentimentos de todos. Eu sou como Judas que finge amar e beija o Mestre para entregá-lo, para traí-lo? Eu sou um traidor? Eu sou como os líderes que, com pressa, fazem o tribunal e procuram falsos testemunhos?

O Papa vai mais longe e recorda a figura de Pilatos, perguntando-se se sou como Pilatos que, quando vejo que a situação está difícil, eu lavo as minhas mãos e não sei assumir a minha responsabilidade? Ou sou como os soldados que batem no Senhor, cospem n’Ele, O insultam, se divertem com a humilhação do Senhor? Talvez eu seja como o Cirineu, que voltava do trabalho, cansado, e teve a boa vontade de ajudar o Senhor a carregar a cruz? Ou eu sou como aqueles que passavam diante da Cruz de Jesus e zombavam d’Ele. Francisco recorda ainda de José, o discípulo escondido, que leva o corpo de Jesus com amor, para sepultá-lo. Pergunta também: Eu sou como as duas Marias que permanecem na porta do sepulcro, chorando, rezando? Ou sou como os líderes que no dia seguinte foram a Pilatos para dizer: “Mas, olha ele dizia que iria ressuscitar; que não seja mais um engano”, e bloqueiam a vida, bloqueando o sepulcro para defender a doutrina, para que a vida não venha para fora? A qual de todas essas pessoas eu me assemelho, perguntou Francisco.

Muitos de nossos irmãos ao longo dos séculos responderam a essa pergunta com suas vidas, com a doação total de si mesmos à causa do Evangelho, do irmão que sofre, dos deserdados desta vida. Muitos deles foram declarados santos pela Igreja, como o caso do Padre José de Anchieta, que entregou

toda a sua vida em prol da evangelização do novo mundo. Como João Paulo II e João XXIII que serão declarados Santos no próximo domingo, com a dedicação total ao Evangelho. Mas também muitos dos que responderam com sua vida e testemunho à pergunta, “quem sou eu diante do meu Senhor?” são desconhecidos, são “Cirineus” que depositaram suas vidas nas mãos do Senhor, na esperança de aliviar a dor dos necessitados e dos últimos, sendo testemunhas fiéis do amor de Deus.

Mas ao longo dos séculos, e também hoje, temos ainda muitos Judas que em nome de outro deus, o deus dinheiro, colocam valores nos seres humanos. Transformam o ser humano em fonte de lucro, em escravos da era moderna; seja através da exploração, seja através da droga. A traição de Judas colocou um preço em Jesus “como se estivesse num mercado”, disse nesta semana Papa Francisco.

A Paixão de Cristo que tem início com a sua traição e prisão é como “um espelho dos sofrimentos da humanidade”. Jesus toma todo este sofrimento sobre si e morre numa Cruz, castigo para os criminosos, estrangeiros e escravos. Mas como recordou o Santo Padre na última quarta-feira durante a audiência geral na Praça São Pedro, “quando tudo parece perdido, é então que Deus intervém com a força da ressurreição. “A ressurreição de Jesus – que celebramos nesta noite das noites - não é o final feliz de uma linda fábula, mas a intervenção de Deus Pai, quando toda a esperança humana já tinha desmoronado.

Cheios de confiança, vamos deixar de lado o Judas que temos dentro de nós, e vamos entregar todas as nossas esperanças ao Deus amor, que se entregou e morreu por nós. Somos chamados a seguir Jesus até o fim. Ele nos ensinou que nada é possível contra o amor.

Silvonei José Protz
Colunista do Blog Evangelizando. (+ artigos)
Diocese de Roma (Itália). Doutor em comunicação e professor universitário em Roma. Jornalista da Rádio Vaticano: "a voz do Papa e da Igreja em diálogo com o mundo".

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