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“O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.”
(Mario Quintana)
O namoro é o momento do encontro de duas histórias. E todo encontro é sempre delicado. Não se começa a namorar sem uma história familiar, humana, afetiva, social, intelectual, espiritual... Quando homem e mulher se encontram, encontram-se também todo um histórico construído ao longo de muitas estações da vida. Por isso que o tempo de namoro precisa de tempo para que o conhecimento da história de cada um seja verdadeiro e profundo.
Namorar não é queimar etapas de um processo. No tempo de namoro é preciso ter a coragem de não esconder a história um do outro. Quem esconde sua origem esconde-se de si mesmo. É preciso coragem para deixar-se conhecer e ser conhecido. Onde o medo domina o amor se esconde.
Nestas duas histórias que se encontram há todo um passado que precisa ser partilhado e compreendido. O casal que não compreender o passado um do outro irá mais tarde usá-lo como argumentos para ataques diante das primeiras dificuldades. Amar é também a arte da compreensão. Não há necessidade de concordar com possíveis erros acontecidos no passado na história de quem agora se está conhecendo, mas é necessária a misericórdia que abraça as fragilidades do outro e lhe dá a oportunidade de recomeçar.
Muitos começam o namoro apaixonados pela perfeição que enxergam naquele que dizem amar. Com o tempo a perfeição vai dando lugar a realidade. Amor não é paixão, mas sim um estágio muito superior que é construído entre dores e alegrias. Não existem pessoas perfeitas. Existem sim, seres humanos que desejam juntos construir uma história de felicidade apesar de suas limitações, pecados e fragilidades. Somente o casal que se descobre imperfeito poderá buscar a santificação no amor partilhado.
Não há como exigir que o outro ame 100%. Será no processo de conhecimento que ambos irá descobrir quanto cada um aprendeu a amar. Alguns aprenderam a amar 30%, porque a sua história de vida lhe proporcionou somente está porcentagem. Outros irão amar 50%. Outros ainda apenas 10%. Como encarar e enfrentar esta realidade? Nem sempre será fácil. Exigirá paciência, compreensão, oração e muito amor para ser partilhado. Há disponibilidade interior para aceitar o que o outro pode lhe oferecer de amor no momento? Há misericórdia suficiente para acolher os 30% de amor que o outro pode oferecer? Há paciência para esperar que o amor cresça naquele coração que ainda está em fase de construção?
Há muitos casais de namorados perdidos em seus próprios relacionamentos pois quando estavam apaixonados enxergavam que o outro o amava 100%, mas com o passar do tempo descobriram que só eram amados 20%. Amor é construção diária. É um superar as dificuldades tendo como objetivo a felicidade que abraça com misericórdia duas histórias que decidiram construir uma nova história em comum.
A paixão começa a mostrar os seus limites quando o amor começa a ser mais forte do que a perfeição antes vislumbrada. E somente com o amor será possível construir uma vida a dois.
Padre Flávio Sobreiro
Colaborador do blog Evangelizando
Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). Estudou filosofia na PUC Campinas e teologia na Faculdade Católica de Pouso Alegre.
Site: http://www.padreflaviosobreiro.com/
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