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“Procuro manter o mesmo jeito de ser e de agir que tinha em Buenos Aires porque, se eu mudar na minha idade, com certeza vou fazer um papel ridículo.
Não quis ir morar no Palácio Apostólico, vou lá só para trabalhar e para as audiências. Fiquei morando na Casa Santa Marta, que é uma casa de hóspedes (onde ficamos hospedados durante o Conclave) para bispos, padres e leigos. Estou perto das pessoas e levo uma vida normal: Missa pública de manhã, como no refeitório com todos, etc. Isto me faz bem e evita que fique isolado.”
No trecho da carta acima, o Papa Francisco explica para um padre de Buenos Aires porque decidiu morar na Casa Santa Marta. A simplicidade de suas palavras e a delicadeza de seus gestos revelam ao mundo um rosto solidário e humano.
Quando eleito pouco sabíamos sobre quem era o Cardeal Jorge Mario Bergoglio. De nosso conhecimento era apenas o nome escolhido para acompanhá-lo como Papa: Francisco. Tudo o que antecedeu a sua escolha foram sinais do Espírito Santo anunciando que continuaríamos guiados pelo amor de Deus presente em quem fosse eleito. Até hoje lembramos daquele franciscano em plena praça de são Pedro que sob o frio e a chuva intercedia a Deus pela escolha do novo Pontífice.
Francisco chegou simples. Com olhar sereno e sorriso cativante conquistou logo no primeiro encontro a simpatia dos católicos e não católicos por todo o mundo. O nome escolhido desarmou os críticos que esperavam armados nas tricheiras de suas opiniões.
Hoje encontramos ampla literatura sobre aquele que foi escolhido pelo Espírito Santo para conduzir nossa Igreja. A escrita de Francisco é simples. Fala com uma humildade que confunde os sábios e entendidos. Não busca na palavra reflexões complexas, mas afirma o amor no concreto das experiências da vida. Muitas vezes usas exemplos de sua própria vida para ilustrar reflexões e assim nos aproxima do humano que também somos.
Recentemente em uma audiência ele disse: "Também o Papa tem muitos pecados, mas quando nos damos conta desse pecado, encontramos a misericórdia de Deus. Deus sempre perdoa. Não nos esqueçamos disso”. No gesto humilde de se reconhecer pecador nos ensina que não estamos condenados a ficar presos em nossas misérias, mas aponta o caminho para uma vida nova: a misericórdia de Deus.
Segundo o blog La Nación, após o papa sair de seu quarto logo de manhã encontrou um soldado guardando seu apartamento. Curioso perguntou ao mesmo se ele havia passado a noite toda ali em pé. Ouvindo uma resposta afirmativa o Papa Francisco pediu que o mesmo se sentasse, pois deveria estar muito cansado. Retoranando ao seu apartamento trouxe uma cadeira para que o guarda pudesse sentar-se e descansar. Negando o pedido do Papa, pois cumpria as ordens de seu chefe ouviu de Francisco a seguinte frase:
- Tudo bem, mas eu sou o Papa e lhe peço que se assente...
Retornando novamente ao seu apartamento trouxe um pão e presunto o qual ofereceu ao guarda dizendo:
- Bom proveito, meu irmão...
Francisco tem muito que nos ensinar. Com ele estamos aprendendo o caminho do amor que passa necessariamente pela humildade e caridade. A fé que ele transmite através do olhar sereno, do sorriso sincero e da simplicidade de suas palavras são sinais da continuação daqueles dias de esperança que antecederam a sua escolha.
Padre Flávio Sobreiro
Colaborador do blog Evangelizando
Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). Estudou filosofia na PUC Campinas e teologia na Faculdade Católica de Pouso Alegre.
Site: http://www.padreflaviosobreiro.com/
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