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“Parem o mundo que eu quero descer!” Esta frase que parece partir do fundo do coração de alguém desesperado foi escrita num muro de uma metrópole europeia no final dos anos 1960.
Ela registrava a rebeldia de toda uma geração inconformada com os rumos da civilização auto-denominada moderna. Os jovens daquelas décadas - 1950, 1960 e 1970 - sabiam muito bem o que não queriam mais viver. Eles foram filhos das décadas anteriores onde as guerras tinham destruído cidades e famílias, tinham ceifado milhões de vidas humanas. Eles queriam parar esse mundo louco e que lhes oferecia, depois de tanta violência, somente uma civilização de avanços científicos e tecnológicos e não de progresso realmente humanitário.
Faltava-lhes horizontes de vida, amplos e valiosos, que lhes dariam segurança e esperança com relação ao futuro.
A frase inicialmente citada neste artigo refletia perfeitamente o estado vital de ânimo e o sentimento de orfandade da juventude daquelas décadas, que se contentava com muito pouco, isto é, em ser apenas a juventude transviada, da paz e do amor, dos cabelos longos e roupas desalinhadas, numa palavra, ser “hippies”.
Os dois verbos - parar e descer - serviam para justificar as revoluções, muitas delas vividas com a violência costumeira daqueles anos de inconformismos e insatisfações, mas não ajudavam a construir uma nova sociedade com outros verbos mais humanitários, tais como os verbos amar, compartilhar, perdoar e servir.
Foram passando outras décadas - 1980 e 1990 - e o século XXI - o 3º milênio da era cristã - chegou e vieram outras gerações de jovens, que foram entrando no cenário mundial como os novos protagonistas da história do mundo e da Igreja.
As gerações X, Y e Z - assim batizadas por causa da familiaridade que têm com as tecnologias avançadas - hoje sabem muito bem o que querem. Não tem dúvidas sobre o que é essencial nas suas vidas e quais são os verbos que querem conjugar no tempo presente e no futuro.
Sabem que o essencial na vida é Deus e os seus projetos e os seus valores inegociáveis. Para os jovens do final do século XX e inícios dos anos 2000, existem alguns pontos de encontro com o Criador do mundo e com seu Filho, o Cristo Redentor da humanidade, como são a família, a ética nos relacionamentos, os valores que solucionam os problemas do mundo - a Vida, a Fé, o casamento entre o homem e a mulher, a honestidade, a solidariedade e o voluntariado, a Verdade - e eles não querem abrir mão dessa herança recebida de Deus.
Esses jovens sabem, portanto, muito bem o que querem viver hoje e amanhã. Querem viver a religião, mas não uma religião superficial, de emoções e de “curas”, nem só de proibições e deveres periódicos, mas uma religião que é apresentada como “a maior rebelião do homem que não quer viver como um animal, que não se conforma - que não sossega - sem conhecer o Criador e privar com Ele” (cf. S. Josemaria, entrevista , 5.X.1967).
As Jornadas Mundiais da Juventude são um grito dessa rebelião juvenil, que há 28 anos ecoa no mundo. Não são mais frases escritas a modo de grafite em muros, mas são vozes que levantam “coxos e paralíticos”, que atravessam barreiras de intelectuais e políticos “surdos”, que removem com a fé as montanhas de descrenças existentes em ideologias destruidoras dos valores humanos.
Em julho de 2013, a Cidade Maravilhosa será “invadida” por jovens que dirão ao século XXI que eles têm esperança, que eles acreditam num Deus que os procura e os leva a sério, que eles sabem construir um mundo sem guerras e melhor que seus antepassados e, principalmente, eles querem ser felizes construindo a civilização do Amor, onde se dá espaço para a ordem, para a paz, para a justiça e para os autênticos valores humanos e cristãos.
Assim, falando do que os jovens X, Y e Z querem ouvir, o Papa Emérito Bento XVI abria para eles o horizonte mais buscado pela humanidade: “a felicidade é algo que todos nós desejamos, mas uma das grandes tragédias deste mundo é que muitos não conseguem encontrar, porque a procuram nos lugares errados. A solução é muito simples: a verdadeira felicidade deve ser procurada em Deus. Só Ele pode satisfazer a necessidade mais profunda do nosso coração!” (Bento XVI, Encontro com jovens em Londres, 17.IX. 2010).
Com o Papa Bento XVI que escolheu o Rio de Janeiro para ser sede da JMJ e com o Papa Francisco que viverá esta Jornada em terras latino-americanas, assistiremos emocionados como a forma alegre de ser do brasileiro estará refletida no rosto da juventude carioca, que receberá os jovens de outros estados do nosso imenso país, e todos juntos, do Oiapoque ao Chuí, abrirão os seus braços e seus naturais sorrisos para acolherem os “jovens rebeldes” procedentes de 165 países, que já se inscreveram e que não querem nem parar nem descer do mundo, porque sabem que ele saiu bom e feliz das mãos amorosas de Deus Pai Todo Poderoso e foi elevado por Jesus Cristo.
No mundo de hoje, ainda conturbado e violento, as frases politicamente corretas sobram com seus tristes verbos, porém as atitudes que a juventude assume geradas pelos verbos amar, servir, alegrar-se, solidarizar-se, e, principalmente, pelos verbos vir e ser, são as que levam à revolução pacífica da humanidade. Já se está vendo isso na organização da JMJ quando milhares de jovens, vindo ao Rio de Janeiro para serem voluntários, já estão sendo os novos missionários de que a Igreja precisa e que o mundo espera.
O Hino Oficial da JMJ 2013 parece que coloca esses dois verbos saindo dos lábios do Cristo Redentor: “Venham meus amigos... sejam missionários”.
Jovens brasileiros, venham ao Rio! Partam do Rio com ardor missionário!
Dom Antonio Augusto Dias Duarte
Colaborador do Blog Evangelizando e Colunista do Porta Um
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro e Vice-Presidente do Instituto Jornada Mundial da Juventude
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