12 de dezembro de 2012

Vida de Santo Agostinho de Hipona :: Contra os Acadêmicos – Livro I [Primeira Discussão]


Amigos, que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês!
Dando continuidade aos estudos do livro “Contra os Acadêmicos“, iremos hoje ler o relato da primeira discussão entre Agostinho e seus amigos.
A temática desta discussão, resumidamente, é Felicidade x Verdade. Agostinho incita em seus amigos o quão paradoxal pode ser, dependendo das suas convicções e poder de defesa filosófica. Mas, sem perder as rédeas, Agostinho os conduzem no verdadeiro caminho. Ao longo destas discussões, iremos descobrir o real desejo de Agostinho. Boa leitura!
O problema: pode-se viver de modo feliz somente procurando a verdade, sem encontrá-la?
– Ao meu convite estávamos todos reunidos num lugar apropriado. Assim que pareceu oportuno, comecei:
- Duvidais de que devemos conhecer a verdade?
- De maneira alguma, disse Trigécio.
Outros deram sinal de que concordavam com ele.
- Mas se, continuei, mesmo sem a posse da verdade podemos ser felizes, ainda julgais necessário conhecer a verdade?
Aqui interveio Alípio:
- Nesta questão julgo que para mim é mais seguro o papel de juiz. Como tenho que ir à cidade, preciso ser desobrigado de função de tomar partido. Além disso, posso facilmente delegar a outro minha função de juiz que a de advogado de uma das partes. Portanto, não espereis de mim nada em favor de qualquer um dos dois lados.
Todos acederam ao seu pedido, e depois que eu repeti minha pergunta, disse a Trigécio:
- Certamente queremos ser felizes e se pudermos sê-lo sem a verdade, não precisamos procurá-la.
- Será mesmo? Disse eu. Julgais que podemos ser felizes mesmo sem ter encontrado a verdade?
- Sim, respondeu Licêncio, desde que busquemos a verdade.
Por um gesto pedi a opinião dos outros. Interveio Navígio:
- Impressionou-me o que disse Licêncio. Talvez viver  feliz consiste em viver em busca da verdade.
Disse Trigécio: - Define, então, o que é vida feliz, para que eu possa concluir o que responder.
Disse eu: - Pensas que viver feliz é outra coisa que viver conforme o que há de melhor no homem?
Replicou Trigécio: - Não falarei levianamente. Acho que deves definir o que é esse melhor.
- Quem duvida, disse eu, de que haja outra coisa melhor no homem do que aquela parte da alma à qual deve obedecer todo o resto do homem? Para que não peças nova definição, acrescento que esta parte da alma pode ser chamada de mente ou razão. Se discordas, vê como podes tu mesmo definir a vida feliz ou o que é o melhor no homem.
- Concordo com tua definição, disse Trigécio.
– Bem, tornei eu, voltando à nossa questão, parece-te que se pode viver feliz sem ter encontrado a verdade, mas como a condição de procurá-la?
Replicou Trigécio: - Mantenho a minha opinião: de maneira alguma.
- E vós, o que pensais? Indaguei.
Licêncio: - A mim me parece que sim, pois os nossos antepassados, que a tradição apresenta como sábios e felizes, viveram bem e felizes só porque procuravam a verdade.
- Agradeço a vós, respondi, por me terdes feito juiz junto com Alípio, a quem confesso, já começava a invejar. Pois um de vós acha que a vida feliz pode ser alcançada apenas pela procura da verdade, enquanto o outro sustenta que só a posse da verdade conduz à vida feliz. Navígio há pouco deu mostras de inclinar-se para a tua opinião, Licêncio. Estou muito curioso para ver como defendereis  vossas opiniões, pois a questão é de grande importância e digna de uma discussão séria.
- Se a questão é importante, exige grandes homens, advertiu Licêncio.
- Não procureis, repliquei eu, especialmente aqui nesta casa de campo, o que é difícil encontrar em qualquer parte do mundo. Explica, antes, o que dissestes, não sem reflexão, imagino, e a razão em que te apoias, pois é dedicando-se aos grandes problemas que os pequenos se engrandecem.
(Postagem: Paulo Praxedes – Equipe do Blog Dominus Vobiscum – Referências: Veritatis  Suma Teológica  Ordem de Santo Agostinho  Patrística vol.24)
Até o próximo post! E divulguem/compartilhem este estudo com seus amigos para que juntos possamos aprender com os doutores da nossa Igreja que é Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana!

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