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A Basílica de São Pedro deu espaço mais uma vez à procissão vermelha dos príncipes da Igreja. A cor recorda o sangue dos mártires, sobretudo de Pedro, de quem se escolherá o sucessor, neste momento grave para história dos cristãos. A fumaça branca, que anuncia a escolha do novo papa, pode sair a qualquer momento. A hora, no entanto, ainda é um mistério. E é assim que deve ser, como tudo aquilo que pertence aos desígnios de Deus. Apesar das quedas de seus membros e dos muitos escândalos que são repetidos a todo instante, é Cristo, o Supremo Pastor, quem governa a sua Igreja, e não a vontade daqueles que a compõem.
Os meios de comunicação, entretanto, insistem no contrário. Por isso, não é surpreendente ler matérias que tragam especulações maledicentes sobre o Conclave. Para uma imprensa sem visão espiritual, a escolha de um Papa não passa de uma disputa de poder. Eles medem a Igreja pela própria régua. E é assim que os jornais não têm o mínimo pudor de se comportarem quase como uma Capela Sistina paralela, a todo momento emitindo suas fumaças sobre o próximo sucessor de São Pedro. Engana-se, portanto, quem presta ouvidos aos seus sinais. Não é a Cristo que pertence a fumaça da imprensa, mas a um outro. Mas o que esperar de uma mídia que não perde sequer uma oportunidade para humilhar e cuspir no rosto da Igreja as imoralidades das quais ela é a primeira defensora?
A renúncia de Bento XVI deu aos católicos três lições. A primeira pôde ser extraída na última Missa pública que celebrou, na Basílica de São Pedro. Na primeira leitura, o profeta Joel alertava para a necessidade da oração em conjunto, diante do iminente perigo (Joel 2, 12). Uma leitura providencial, dada às circunstâncias hodiernas. Se a Igreja Católica quiser ser fiel a Deus, se os cristãos quiserem realmente servir o Senhor, devem prostra-se juntos para clamar a misericórdia, ou terão de escutar da boca dos gentios: "Onde está o seu Deus?" O escarnecimento público da fé católica feito pela mídia nesses dias mostra o quanto os membros da Igreja ainda precisam se unir e rezar. Não é diante de uma TV que um católico precisa estar, mas prostrado perante um Sacrário!
A segunda lição foi dada na última aparição pública de Bento XVI, data da sua renúncia. A liturgia de 28 de fevereiro meditava a leitura do livro do Profeta Jeremias: "Maldito o homem que confia no homem"(Jr 17, 5). O cristão sabe em quem depositou sua fé. Ela não está sujeita a pessoas, opiniões ou intrigas, mas tem um único fundamento do qual decorre todo o resto: Jesus Cristo. Portanto, crer na santidade da Igreja significa crer na presença permanente de Deus no mundo, por meio da encarnação de seu Filho e de sua continuidade no Corpo místico, que é a própria Igreja. Por isso, apesar dos ataques midiáticos, apesar das ofensas, apesar dos escândalos, a indefectibilidade da Igreja se mantém intacta, pois não provém de mãos humanas, provém de Deus.
Por fim, mas não menos importante, a terceira lição foi ensinada nesta manhã, na Missa "Pro Eligendo Summo Pontifice". As leituras falavam sobre a missão do Messias e, por conseguinte, da missão do seu servo, que é o Papa. "Este é o meu mandamento: que vós ameis uns aos outros, como eu vos amei" (Jo 15,12). O amor deve estar no cerne de toda a ação cristã. É pelo amor que surge a verdadeira evangelização e é só por ele que os cristãos poderão viver no perdão, mesmo acuados pelas perseguições e pelo ódio dos inimigos da cruz. Assim, recordou o Cardeal Angelo Sodano, "a atitude fundamental de todo bom Pastor é, portanto, dar a vida por suas ovelhas" (cfr Jo 10,15). E só dá a vida pelo irmão quem vive um amor enraizado na verdade.
E o que é um amor enraizado na verdade? Uma solidariedade, uma filantropia somente? Não! É aquele amor que leva o ser humano a se pôr no lugar do outro e a amá-lo mesmo antes de conhecê-lo. A cidade de Roma, neste sentido, é o melhor lugar para representar essa família feita de estranhos que, ao mesmo tempo, são tão conhecidos, pois fazem parte de uma única família, filhos de um mesmo Pai. Todos unidos à espera da grande alegria, do "Habemus Papam". Por isso todos rezam, todos se prostram, todos se dobram diante do Senhor.
São essas lições que formam o tripé da esperança dos católicos para o Conclave que se inicia. A Igreja não está abandonada, não está sujeita a mãos e opiniões humanas, mas está sustentada pela ação Divina que age através das orações dos milhões de fiéis que se unem para rezar. A imprensa não reza, não escuta! E é por isso que ela só consegue enxergar "crise" onde os católicos vêm Deus. A cruz também pareceu uma crise para os que escarneciam de Cristo, mas logo ela se revelou o caminho da salvação. Que os católicos vejam a cruz desse Conclave pelos olhos da fé, não do ceticismo.
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